Ela é bem anterior ao computador e houve época que era instrumento
imprescindível a quem procurava um emprego ou uma oportunidade de
trabalho. Quem a dominava com destreza e agilidade, já partia na frente
em um concurso público ou teste de admissão em qualquer
atividade, desde a mais elementar até as mais altas funções numa
empresa. A pergunta era inevitável e quase obrigatória: “ O Sr. tem curso de datilografia?”
A partir de então as exigências eram outras: “Tem
redação própria? Quantos caracteres é capaz
de teclar por minuto?”. Nas provas classificatórias, para seleção de
pessoal, a rapidez dos toques dos dedos naquelas teclas preciosas,
ordenadas em formato único e universal, era determinante
para o sucesso de quem desejava se habilitar e crescer
profissionalmente.
Eu ainda era um menino, de apenas quinze anos, quando minha mãe, Dona Vaninha, sempre preocupada
em me preparar para a vida, me matriculou em
uma escola de datilografia, a Remington, que
ficava na esquina da Miguel Lemos com a Nossa Senhora de Copacabana, no
Rio de Janeiro,
bem pertinho do nosso apartamento.
A contragosto , três vezes por semana, lá estava eu numa sala com uns 30
alunos, descobrindo os segredos da máquina de escrever, um equipamento
pesado e barulhento, que produzia a mágica de imprimir em papel textos,
ordenados e claros,
e todo tipo de documento,
desde o preenchimento de um recibo até a
elaboração de contratos, atas, certidões, cartas e tudo o mais que fosse
necessário registrar e perenizar numa folha de papel.
Asdfg/clkjh. Nunca esqueci a sequência dessas letras que ainda hoje são determinantes do meu trabalho como jornalista
à frente do meu laptop, que
acesso utilizando todos os dedos e sem precisar olhar ao teclado.
E tudo isso graças àquela senhora franzina, valente, que criou,
praticamente sozinha,
prole numerosa de filhos, sempre pensando no futuro.
No dia das Mães, a saudade e homenagem a quem que me deu amor, régua e compasso.
A máquina de escrever
11 Jun 2020- 554