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Crispim, o imortal

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Eu o conheci na redação do  saudoso  O Norte, em meados dos anos 70,  quando  ele já pontificava  na literatura da Paraíba como jornalista, ensaísta, cronista e critico literário. Havia ganho o Prêmio Esso de Jornalismo, a mais importante premiação da Imprensa brasileira daquela época, e mantinha crônica diária na página de Opinião do jornal ao lado de outras figuras estelares  como Virgínius da Gama e Melo, Genésio de Sousa, Gonzaga Rodrigues, Natanael Alves, Barreto Neto   e Francisco Pereira Nóbrega.   Alto, com mais de um metro e oitenta ,  corpo de atleta, bonito , bem nascido e bem criado, tinha tudo para ser um cara arrogante, chato e prepotente. Daí a minha surpresa quando ele foi apresentado  a mim, um “foca”  recém chegado do Rio de Janeiro, e deu as boas vindas “ao menino de Abelardo”. Me tratou com carinho e intimidade como se já me conhecesse antes mesmo do meu nascimento.   Na redação via-o passar sob o olhar de admiração dos homens e de cobiça das mulheres. O seu talento era uma unanimidade. Luiz Augusto da Franca Crispim era um nome que impunha respeito e reverência.  Conquistava pela simplicidade. Apaixonava pela sensibilidade. Seduzia pelo caráter e pela força de  sua personalidade íntegra, solidária  e generosa.   A  diferença de idade não impediu que nos aproximássemos e nos tornássemos grandes  amigos. Cúmplices. Irmãos de sentimentos e afinidades. Podíamos conversar durante horas e revelar os nossos segredos , falar sobre as nossas angústias e preocupações ou comemorar as nossas conquistas. Os quase 10 anos de diferença que nos separavam em nada influíam em um relacionamento cheio de convergências, de sintonia, de dois homens que tinham a mesma paixão pelo jornalismo, pelas letras, pela natureza , pelo meio ambiente e pelos prazeres que a vida oferece.   Esta semana, estive no   memorial construído pelo seu filho, o advogado Luiz Augusto Lula Crispim, onde estão todos os seus objetos pessoais, documentos, fotos e até a máquina   elétrica que ele utilizava para escrever os seus textos imortais e,  também,  as peças jurídicas  onde, como advogado,  sempre encontrava lugar para inserir o humanismo de suas idéias e o lirismo de suas palavras.   Domingo, ele completaria 75 anos. Faleceu precocemente, há 12 anos, depois de enfrentar,  com valentia e destemor, um câncer que lhe ceifou a vida em seu momento de maior criação.  Mas a  imortalidade de Crispim,  conferida pela  Academia Paraibana de Letras, está materializada em seu memorial e no coração dos seus familiares e amigos; perpetuada na história da Paraíba como  um dos homens  mais brilhantes e fascinantes  do nosso tempo.    

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