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O efeito colateral

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“Não há mal que não traga um bem”. “Não há bem que sempre dure ou mal que nunca se acabe”. “Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela”. Essas  frases,  que confortam e nos dão esperança,  são importantes  sempre que estamos às voltas com   dificuldades que, por vezes, consideramos intransponíveis. Conselhos sábios acumulados através dos tempos  por aqueles que vivenciaram   as diversas fases da vida, sempre mantendo a confiança  em si mesmos  e , sobretudo, nos desígnios de Deus, que está acima de todas as coisas. Volto a lembrar meu pai, Abelardo Jurema, que enfrentou um prolongado exílio em Lima, e que me repassava  conselhos práticos de quem sabe o que está falando: “nada fortalece mais o homem, desperta mais a sua têmpera e enriquece o seu espírito do que a adversidade. Há que se ter coragem, manter a fé e aprender sempre com as situações mais duras que a vida nos oferece”. Foi assim que me dispus a  encarar a pandemia,  essa ameaça que   ainda paira sobre as nossas cabeças.  Decidi  enfrentá-la com a valentia do  meu pai e a resiliência de  minha mãe. Atingido  também  pelo fechamento do jornal em que trabalhava, mergulhei  fundo no trabalho. E, novamente, lembrei do “velho” Abelardo: “um jornalista  jamais fica desempregado. A sua profissão está dentro dele e o   escritório  em sua cabeça”. Decidido a superar as vicissitudes e a encontrar alternativas para a nova realidade, ganhei alma nova e fui buscar, dentro de mim, as forças necessárias para continuar o meu trabalho, mantendo   a coluna que escrevo há  45 anos na Imprensa da Paraíba através dos meios de que dispunha, criando  a coluna Abelardo On Line,  e honrando o meu compromisso com os leitores. Estamos completando quatro meses de covid-19. O que foi anunciado como sendo “uma gripezinha”  transformou-se no maior pesadelo do século e uma das maiores tragédias da humanidade. Matou milhares  de pessoas, destroçou a economia mundial, arruinou  empresas, desempregou homens e mulheres e trouxe o desespero e desalento para muitas famílias. Mas, em contrapartida, fez com que redescobríssemos os prazeres mais simples que a vida oferece; o aconchego da  família; a convivência   com os filhos e netos; a leitura de um bom livro, além de estimular  atitudes  nobres como a doação, a generosidade e o desejo de ajudar aos que compartilham dessa tormenta. Foi  a  partir desse episódio dramático,   da quarentena, do isolamento social, da reclusão imposta pelas circunstâncias, que a humanidade  passou a  reformular e redescobrir  os seus valores; a identificar o que é realmente  importante para que tenhamos uma vida de paz e harmonia. O remédio foi amargo, mas o seu efeito colateral foi extremamente benéfico porque  nos permitiu compreender o significado real das palavras de Jesus quando proclamou que deveríamos amar o próximo, respeitar as diferenças e compartilhar o pão.

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