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O hotel do sonhos

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É difícil encontrar alguém da minha geração que não tenha uma história com ele. Durante muitos anos , desde que foi inaugurado no início dos anos 70 pelo então governador Ernani Sátiro,  com uma festa que  trouxe personalidades  de todo o País, o Hotel Tambaú transformou-se num símbolo de modernidade e de ousadia da então acanhada capital paraibana, modificando a nossa paisagem urbana e dando  contornos futuristas   a uma praia que, até então, tinha como referência apenas os coqueiros que adornavam o seu litoral e acalentavam os nossos corações. 

Era como se, de repente, uma nave espacial tivesse pousado em suas areias brancas, num projeto arrojado do arquiteto Sérgio Bernardes, já falecido, um dos maiores nomes da arquitetura brasileira , que soube transmitir em suas linhas, arredondadas e  vanguardistas,  o sentimento desafiador que a obra representava para a toda a Paraíba e que, ainda hoje,  se  impõe como a imagem mais difundida do Estado na folheteria turística das agências e operadoras do turismo internacional. 
Durante muito tempo, o Tropical Hotel Tambaú, que integrava a maior empresa aérea nacional – a VARIG, orgulho brasileiro de tantas e boas lembranças – tornou-se o cenário de nossos principais eventos e passou a fazer parte do cotidiano da cidade. No seu Bar Nobre, casais viviam o romantismo dos tempos em que sair com a namorada era o momento mais almejado de nossas vidas; quando a boate Tropical, dirigida por Rejane Holanda, ditava os rumos da moda e da música high-tech;  quando o Cine Tambaú era freqüência obrigatória nas nossas “jovens tardes de domingo, dos velhos tempos, e belos dias”. 
O seu salão de Convenções abrigava não apenas  eventos oficiais e  corporativos – congressos, feiras e simpósios -  mas, também,  as grandes festas  da sociedade paraibana, inclusive recepções de casamento das famílias mais abastadas que, orgulhosos,  recebiam convidados “no nosso único Cinco Estrelas”, classificação máxima como  a Embratur  avaliava os melhores hotéis do País. Eu mesmo, em dezembro de 1977, passei a minha  lua de mel numa de suas  suítes, acordando com o marulhar das ondas sob a minha janela, numa trilha sonora que ainda ecoa em meus ouvidos. 
Agora, vem  a noticia de que o Hotel Tambaú irá a leilão. Mergulhado em dividas trabalhistas,  herdadas do espólio da Varig e da Companhia Tropical de Hotéis, enfrenta dificuldades que se acumulam e ameaçam a sua sobrevivência. Que a Justiça  saiba encontrar soluções que possam proteger os direitos de quem se sente prejudicado;  mas,  também,  garanta o emprego dos que lá estão; e   que não permita que aquele “disco-voador”, patrimônio histórico, artístico e cultural da Paraíba, erguido com o dinheiro dos paraibanos, voe para o espaço  e desapareça no infinito , levando consigo as nossas  mais preciosas lembranças. 

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