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Sempre fui fascinado pela fotografia e pela
arte de fotografar. Aos quinze anos, juntando trocados, comprei a minha
primeira câmera, uma Kodak Instamatic, com a qual passei a documentar
as minha aventuras e a reuni-las em um
álbum para registrar um pouco da minha história que apenas iniciava. As namoradas, as festas, os passeios com os amigos, os eventos em família,
tudo está no
modesto acervo que ainda hoje mantenho guardado na minha memória e
em minha casa.
Embora não me sinta tão velho assim, sou do
tempo da fotografia artesanal, em preto e branco, em que a reprodução
de uma imagem era feita em uma sala escura, com a utilização de produtos
químicos – reveladores e fixadores – e, até
mesmo, pregadores de roupa utilizados para pendurar as fotos numa
espécie de “varal”, antes da secagem e finalização.
Mais à frente, quando comecei a trabalhar e
ganhar o meu próprio dinheiro, realizei o sonho de adquirir, de segunda
mão, uma câmera Minolta , marca japonesa de grande
prestígio na época. Foi com ela a tiracolo que cheguei
a João Pessoa, em meados dos anos 70, para produzir as fotos que passei a utilizar na coluna
Status , no semanário O Momento, quando o destino me transformou em colunista
social , função que jamais imaginei exercer dentro do jornalismo profissional a que me propunha.
Naquele tempo, mantinha
relação estreita com os fotógrafos que ajudavam a abastecer o meu
espaço no jornal de Jório Machado e, posteriormente, em O Norte, de
Marconi
Góes, onde passei a escrever a partir de 1978. Estava sempre batendo
à porta de Bezerra e Edmundo, responsáveis pelo departamento
fotográfico da Secom do Governo,
frequentava habitualmente os estúdios de Nuca, Osmar, Ernani, Castanha,
Rocha e me acompanhava, cotidianamente, de Josinaldo Malaquias e Arion
Farias, fotógrafos oficiais do jornal dos Diários Associados.
Semana passada, quando se comemorou o Dia da Fotografia, li um texto de Gonzaga Rodrigues, aqui mesmo nesta página de A União,
comentando o trabalho de Antônio David, um profissional
notabilizado
pelas paisagens e cenas do cotidiano que, no clique de sua câmera, se
transformam em verdadeiras obras de arte. Um estilo pessoal, um olhar
único, uma forma
inusitada de também fazer com que,
inseridas no cenário natural, pessoas anônimas traduzam, sem palavras,
dor, amor, indignação, revolta, conformação, alegria, tristeza, e
outros sentimentos humanos.
De formação acadêmica, tímido e recatado, é
um artista e ativista cultural que se exprime pelas imagens que produz.
E, através delas, fala mais alto do que todos nós, defendendo o
meio ambiente, denunciando predadores, preservando
a nossa cultura, lutando contra o preconceito, a discriminação e a
desigualdade social.
Como, em inspirada definição, resumiu o
mestre Gonzaga - o mais aplaudido e reverenciado cronista do nosso
tempo -, Antônio David está a merecer um novo título: o Poeta da
Fotografia.