Como meu pai, gosto de ir a um bom restaurante nos meus momentos de entretenimento
com a família. Mesmo sem ser um bebedor contumaz, também me apraz tomar um bom uísque e
conversar com amigos, trocando experiências sobre
assuntos que fazem parte do nosso cotidiano, no trabalho, em casa e
nos enfrentamentos da vida, na discussão de temas recorrentes
à trajetória de cada um.
Dentre os muitos ensinamentos que deixou, o ministro Abelardo Jurema justificava
a sua preferência por uma mesa de bar em suas horas de lazer:
“ninguém faz negócios nem conquista amigos numa leiteria”, dizia ele,
sempre sábio e direto em seus conceitos. Quando do seu exílio em Lima,
Jurema também oferecia uma receita que ele considerava
infalível para quem tem que viver sozinho no exterior:
- “Há que se procurar um bar acolhedor, de boa freqüência e
garçons atenciosos, onde se possa construir amizades”.
Sobre os garçons ele lhes dedicava um tratamento afetuoso, como se fossem
velhos amigos. Chamava a todos pelo nome além de , naturalmente, dar-lhes boas gorjetas. “São eles os nossos grandes companheiros nos momentos de solidão
e que garantem a freguesia da casa. Já fui a muitos restaurantes exclusivamente por causa da simpatia dos garçons”, acentuava.
Esta semana, ao chegar à Adega do Alfredo, que freqüento desde a sua inauguração há mais de 30 anos,
fui surpreendido por uma triste noticia:
o barman e garçom Reginaldo, o Régis,
um dos mais antigos e completos profissionais da casa de Fred Ferreira, que me recebia sempre com palavras de carinho
e alegria, havia morrido na noite anterior,
vítima de um enfarte fulminante.
Fiquei tão abalado que não contive o choro pela perda de um grande amigo;
um homem bom, simples, que tinha prazer em
servir ao próximo, não apenas como garçom, mas, também, como ser humano.
O prazer em servir
11 Jun 2020- 180