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A coluna do Abelardo

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Abelardo Jurema Filho  

Certa vez, quando meu pai veio a João Pessoa e foi visitar o então governador Wilson Braga no Palácio da Redenção, coube ao padre Albeny, assessor de gabinete do Governador, anunciar a sua presença na antessala; “O Ministro está aí para falar com o senhor”, informou, em tom solene. Imediatamente, Braga interrompeu o despacho com d. Glaucia Menezes, sua secretária particular, e mandou entrar o visitante ilustre, que ele imaginava fosse o Ministro do Trabalho, Murílo Macedo, que estava sendo aguardado de acordo com a sua agenda oficial.  
Qual não foi a surpresa do governador ao avistar à porta o seu amigo Abelardo Jurema. Percebendo a confusão, Braga chamou o padre Albeny a um canto e indagou: “E esse ministério do Abelardo não acaba nunca?”. Jurema ouviu e rebateu: “por isso não porque o “padre Albeny” não é sacerdote e nunca rezou uma missa”.  
Sob esse prisma, nunca deixei de ser “o filho do Ministro”. O fato de ter seu nome em minha certidão de nascimento sempre representou uma grande responsabilidade. Na minha vida estudantil, essa descendência era lembrada insistentemente pelos professores que me cobravam melhor desempenho escolar, citando a necessidade de seguir o exemplo paterno.  
Quando em julho de 1975, aos 23 anos, vim morar em João Pessoa, em busca de oportunidade para construir o meu futuro, essa responsabilidade tornou-se ainda maior: afinal, aqui era a terra do meu pai, onde havia construído a sua história vitoriosa de homem público, firmando suas amizades mais sólidas e conquistando a admiração e o respeito dos paraibanos. Não poderia decepcionar nem colocar tudo a perder.  
Como menos de 6 meses em João Pessoa, fui instado a assumir a coluna social do semanário O Momento, do valente jornalista Jório Machado, onde substituiria o célebre jornalista Heitor Falcão, o Agá, o maior nome do colunismo social da Paraíba em todos os tempos.  
Imaginem só: o carioca de Botafogo, o adolescente das ruas de Copacabana, de cabelos longos e encaracolados, se transformaria no colunista social da cidade.  
A estreia aconteceu no dia 12 de novembro daquele ano. O título inicial da coluna era Status Social, assinada por Jurema Filho, nome que adotei por julgá-lo mais jornalístico e mais sonoro para os leitores. No dia seguinte, recebi do meu pai uma carta em que revelava a sua emoção:  
- Somente ontem recebi o jornal com a sua estreia como colunista. Lá estava Jurema Filho, o nome que o meu pai – seu avô, o advogado Geminiano Jurema Filho, adotava em seu cartão de visitas, nos papéis timbrados e na placa do seu escritório. Você o continuará, sem dúvida, na perpetuação de uma legenda que significou muito na Paraíba do seu tempo. Você também percorre caminhos parecidos com o meu, desde a redação da rádio Tabajara até chegar ao ministério da Justiça. Excetuando Lima, desejo que tudo lhe aconteça nessa ordem.  
Esta semana, a Coluna do Abelardo, agora em sua versão online, completou 46 anos de publicação ininterrupta nos meios de comunicação do Estado. Uma longevidade inédita na Imprensa paraibana, sequenciando uma história construída lá atrás e que representa um compromisso com a Paraíba e os paraibanos. Um crachá, referendado pela Academia Paraibana de Letras, que ostento com muito orgulho e que, sob a proteção de Deus, há de me acompanhar até último dos meus dias.  
Parabéns à coluna “que todo mundo lê”. 

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