no image

A convivência dos contrários

  • 169
Fonte:
Imprimir

Foi o meu pai, deputado federal por duas legislaturas , Lider na Câmara  do governo Juscelino Kubitschek e ministro da Justiça do Brasil na breve gestão do presidente João Goulart,  quem me deu a mais preciosa lição sobre o significado da palavra democracia. “É a convivência dos contrários , meu filho. É a arte de unir, à mesma mesa, opiniões distintas  sobre os mais variados temas, cada um com a sua visão,  defendendo os seus posicionamentos,  garantindo-se a todos o  direito de expressão e liberdade de pensamento”, resumia. Na implacável Wikipédia do Google, democracia também pode ser definida  como o sistema de Governo em que os seus representantes sejam eleitos diretamente pelo voto popular , para que exerçam o Poder emanado do povo e que em seu nome seja exercido. Há quem enxergue que Democracia pode não ser a melhor, mas, seguramente, é  forma mais justa   para que prevaleça a vontade da maioria e as minorias sejam respeitadas. Já o ex-presidente Tancredo Neves, do alto de sua sabedoria como uma das mais lúcidas  e cautelosas lideranças políticas do País, repetia a todo instante que “Democracia é a arte do possível, e não do perfeito”, tentando explicar as muitas contradições de um sistema que está, à toda hora, indo de encontro à vontade popular e desapontando os eleitores que sempre exercem o seu direito de voto na esperança de mudanças que melhorem a sua qualidade de vida. Democracia também é direito de escolha. Eu, por exemplo, nunca  votei no ex-presidente Lula  embora admirasse a sua trajetória iniciada nos movimentos sindicais do ABC paulista até levá-lo à Presidência  da República . Também não votei  no Capitão Jair Bolsonaro, em quem jamais enxerguei o equilíbrio e as qualidades de estadista necessárias a quem se propõe a governar o Brasil,  além de discordar do seu estilo autoritário,  provocativo, mal educado  e beligerante. Agora o Brasil vive um momento de radicalização. Um impasse constitucional perigoso em que, mais do que troca de idéias e divergências políticas e ideológicas, parte-se para a retaliação, para o confronto,  para as ofensas e até para a violência e  desforço físico, com ameaças à integridade de quem se atreve a pensar diferente, que não aceita imposições ou rótulos de esquerda ou de direita, enxergando alternativas mais viáveis que levem ao entendimento e à paz de uma Nação dominada pelo ódio e pelas paixões. Fechamento do Congresso Nacional; dissolução do Supremo Tribunal Federal; censura à Imprensa e à liberdade de expressão e, por vim, a volta do AI- 5, medida extrema que provocou muitas vitimas inocentes, que permitiu a tortura,  que destruiu famílias, que cassou os direitos do cidadão, que extinguiu as liberdades e garantias individuais, nada disso haverá de resolver o impasse político e  institucional que vivemos. O único caminho é a democracia, com diálogo e   respeito às instituições. Fora daí, mergulharemos num poço profundo do qual todos nós, inclusive os que apóiam o retorno à Ditadura, haverão de se arrepender amargamente.

no image
Matéria Anterior Turnê na Capital
Próxima matéria Homenagem
Leia também:

+Notícias

Não perca as mais lidas da semana

Artesanato em alta

12 Jul 2025
  • 230

Propaganda High Tech

12 Jul 2025
  • 225

Turnê na Capital

12 Jul 2025
  • 224
Ver mais notícias