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A evolução dos Beatles

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Eu  tinha 10 para 11 anos quando, instigado por amigos e movido pela curiosidade, quebrei um porquinho  de porcelana em que juntava moedas, arranjei mais algum dinheiro com a minha mãe e fui até a Sears Roebuck, o primeiro grande magazine do Rio de Janeiro – o precursor dos shoppings centers – para comprar um LP dos Beatles, uma banda que surgia magnetizando os jovens daquela época. Saí da loja com aquele objeto  precioso debaixo do braço, um disco de vinil, com capa em preto e branco,  com a foto  sombreada de quatro rapazes cabeludos e a palavra: Beatlemania. Corri para casa, chamei o meu irmão, João Luiz, já falecido,  apenas um ano mais novo do que eu (éramos praticamente gêmeos ) , e nos pusemos a ouvir aquele som mágico na vitrola da casa da Cesário Alvim. Passamos a tarde em estado de choque, levando e trazendo a agulha repetidas vezes do começo ao fim do disco,  ouvindo  She Loves You, I wanna hold Your Hand, Don’t Bother Me, Mr. Postman, Roll Over Beethoven, I Saw her standing there  e todas as demais canções que compunham  o álbum que viria a revolucionar a minha cabeça e de várias gerações. A partir dali nunca mais fui o mesmo. Foi como tivesse descoberto um sentimento novo  de liberdade,  nunca dantes experimentado;  e conhecido uma sensação única de prazer, de êxtase e de profunda alegria. Meu cabelo cresceu. Minhas roupas mudaram. Minha conduta também. Entrei na pré-adolescência me sentindo maior, mais importante e mais sensível. Passei a enxergar melhor as meninas da rua  e a ser visto por elas também. Fiquei mais  confiante e mais desinibido.  Me interessei ainda mais pela música, comecei a me aproximar do violão – que aprendi a tocar por ouvido – e ingressei definitivamente na geração Beatle, das descobertas, da superação dos limites, da rebeldia e da contestação contra tudo que fosse contrário à paz e ao amor. Evoluí sob a inspiração  daquela banda que cresceu comigo,  que sobrevive ao tempo e ao espaço,  e que me faz cantar as suas canções,  me energizando, rejuvenescendo, renovando as minhas forças e que sempre está a me  lembrar   aquele  menino que um dia entrou naquela loja para descobrir o mundo. Esta semana a banda de rock que mudou conceitos, transgrediu normas, quebrou tabus, aboliu preconceitos e transformou a vida do planeta,  completou 60 anos. Dos quatro rapazes de Liverpool – John , George, Paul e Ringo – somente os dois últimos permanecem vivos. Mas o sentimento que eles plantaram no coração da gente, esse,   jamais morrerá.

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