Ele podia ser considerado o poeta do absurdo. As letras de suas canções
mereciam muitas indagações e reflexões, sempre repletas de mensagens
cifradas em suas entrelinhas; de imagens distorcidas. Era o líder da
chamada contra-cultura, e criou uma Sociedade
Alternativa, onde tudo é permitido, que ganhou muitos adeptos. “Se eu
quero, e você quer, tomar banho de chapéu, ou esperar Papai Noel, ou
discutir Carlos Gardel, então vá! Faça o que quiser, pois é tudo da
lei”, dizia o menestrel.
Alguns o consideravam um bruxo; outros que se tratava
de um anarquista; e havia quem temesse
que ele tivesse uma pacto com o Demônio. Mas o fato é que o
músico Raul Seixas, o Maluco Beleza, que misturava a lucidez com a
maluquez, foi uma estrela que deixou milhares de fiéis seguidores em
todo o País , que permanecem acreditando num
mundo melhor e que, até hoje, reverenciam a sua memória que permanece presente nos jovens da minha geração.
Nesses tempos em que o mundo inteiro se curva, atônito e indefeso,
diante de um vírus microscópico, que ameaça a saúde da humanidade,
num holocausto que poderá fazer milhões de vítimas , encontro na obra
do velho roqueiro
intitulada “O Dia em que a Terra Parou”,
uma profecia,
que se enquadra nessa situação aflitiva dos
nossos dias, quando as pessoas estão sendo forçadas ao isolamento, a
não saírem às ruas, a permanecerem em casa. A não trocarem um aperto de
mão ou um abraço. A se manterem
reclusas e distantes.
- “Essa noite, eu tive um sonho de sonhador. Maluco que sou, eu sonhei
com o dia em que a Terra parou. No dia em que todas as pessoas
resolveram que ninguém ia sair de casa, como que
se fosse combinado em todo o planeta. Naquele dia, ninguém saiu de casa;
o empregado não saiu pro seu trabalho pois sabia que o patrão também
não tava lá; a dona de casa
não saiu pra comprar pão pois sabia que o padeiro também não tava lá; o
guarda não saiu para prender, pois sabia que o ladrão também não tava
lá; e o ladrão não saiu para roubar pois sabia que não ia ter onde
gastar”.
A composição premonitória não assusta os homens e mulheres que tem fé em Deus e que
não se intimidam com as intempéries e as
catástrofes; que acreditam que nada acontece por acaso e que o
coronavírus, mesmo trazendo luto e sofrimento, nos oferece preciosas
lições
de solidariedade, de amor ao próximo, de
humildade, de doação, de compaixão e de misericórdia, sentimentos
tão esquecidos, quanto necessários,
aos tempos de agora, numa sociedade cada vez mais injusta, permissiva, egoísta e indiferente ao sofrimento alheio.
- O Senhor é meu pastor, e nada me faltará, é a oração que habita o meu
coração. E sigo em frente, confiante na palavra do Criador.
A profecia
13 Jun 2020- 171