Eu era aluno do curso clássico do Colégio Estadual André Maurois, uma escola de
referência na rede pública de ensino do Rio de Janeiro, nos anos 60,
dirigido pela professora
Henriette Amado , educadora que fez historia no período mais tenso do
Regime Militar, quando li o livro A Revolução dos Bichos,
do escritor inglês George Orwell , também autor de outros
clássicos da literatura internacional.
Na obra de Orwel, o ponto de partida são as reflexões de um velho porco
que não se conforma com o tratamento cruel e impiedoso que é destinado aos animais pelo proprietário da fazenda. Esse pensamento
é absorvido pelos outros porcos e disseminado entre todas as demais espécies animais responsáveis pelo sustento do fazendeiro e
de sua família.
Estimulados, os bichos promoveram uma revolução , tomando o poder dos homens e expulsando todos eles
da propriedade, implantando um gestão em nome da
igualdade, do interesse público, onde todos passariam a ter os mesmos
direitos. Não demorou muito, porém,
para que os porcos, que lideraram
o movimento libertário, fossem se impondo aos demais e, em pouco tempo,
passaram a habitar a Casa Grande e a andar em duas pernas.
- Os bichos são todos iguais, mas os porcos são mais inteligentes,
passaram a proclamar , como instrumento de convencimento para se
eternizarem no Poder.
Lembro essa história a propósito da discussão que envolveu as redes sociais sobre as diferenças
entre o comunismo e o fascismo, que ganhou ainda
mais notoriedade com a participação , sempre surpreendente e
inquietante, do presidente Jair Bolsonaro. O debate acalorado motivou
muitas reações de leigos,
professores e historiadores falando sobre a origem dos dois regimes, se de direita ou de esquerda.
Eu preferi não entrar no mérito da questão. Desde que li o livro de
George Orwel que tirei as minhas próprias conclusões: dou um pelo outro,
e não quero volta.
A Revolução dos Bichos
11 Jun 2020- 176