Em 1999, no momento em que o corpo do meu pai, o ex-ministro Abelardo de Araújo Jurema, estava sendo velado no Palácio da Redenção, recebi um telefonema do ator Lúcio Mauro que, muito comovido, me expressava os seus sentimentos de dor e de pesar. Recentemente, vendo um episódio antigo da Escolinha do Professor Raimundo, reprisado pelo canal Viva, tive uma grande surpresa ao ver o personagem Aldemar Vigário, interpretado por ele, fazer uma referência ao seu amigo contracenando com o grande Chico Anísio. “Quem estava lá com a gente era o Abelardo Jurema, lembra disso?”, perguntou ao Mestre do humor, diante das câmeras, para todo o Brasil ouvir.
Lúcio Mauro era um dos pioneiros da televisão brasileira. Natural de Belém do Pará, passou pelas tevês Rio, Tupy, Excelsior e Globo onde encerrou a sua carreira. Além do inimitável Aldemar Vigário, da Escolinha, deu vida a outros personagens inesquecíveis como o Primo Rico, em Balança mas Não Cai, o “Fernandinho”, marido da ignorante Ofélia e o assistente do Alberto Roberto, o ator canastrão de Chico City. Quando completou 80 anos, despediu-se dos palcos na peça 80-30, na qual interpretava ele mesmo, ao lado do filho, também excelente ator, que tem o seu nome, contando a sua trajetória pessoal e profissional. Fui assisti-lo no teatro Casa Grande, no Leblon, e ao final do espetáculo estive com ele, em nome do meu pai, para cumprimentá-lo e abraçá-lo pelo grande sucesso e pelo homem que ele sempre foi.
Não foi à toa que o falecimento do grande comediante tocou fundo no coração do editor da coluna.
Adeus ao “Aldemar Vigário”
15 Mai 2019- 1174