Ninguém tem dúvidas dos benefícios que as chamadas redes sociais
trouxeram para as relações humanas. Graças à elas, foi possível resgatar
velhas amizades, reencontrar e se reconectar
aos amigos de infância, estabelecer novos contatos, emitir opiniões, expressar os nossos pensamentos e
, sobretudo ter um veículo próprio para manifestar as nossas
insatisfações, protestar contra as injustiças e ter sempre â mão um
instrumento poderoso de comunicação instantânea.
É também, através dessa ferramenta, que muitos impulsionam os seus
negócios, descobrem novas oportunidades de trabalho, realizam sonhos e
se tornam protagonistas de sua própria história, compartilhada com
milhões
de pessoas em todo o mundo. No ilimitado universo
da internet, tudo é possível, até mesmo provocar e descobrir paixões,
encontrar uma alma gêmea, destruir um relacionamento
ou criar fortes inimizades.
Também é um canal que pode despertar intimidades que jamais seriam
reveladas num contato pessoal e, até mesmo, a materialização do sexo
virtual. Nas redes, invade-se
a privacidade alheia sem
consentimento; postam-se
imagens comprometedoras e compartilham-se
as mais torpes e constrangedoras situações.
Mas o que fere realmente é a sua utilização irresponsável como instrumento de
agressão à honra alheia; é acusar sem provas e sem conhecimento; é denegrir
instituições, apedrejar os que discordam
de nossas opiniões; julgar e condenar tudo e a todos como se
estivéssemos em um grande tribunal na condição de réu e de juiz, onde
todos são culpados até provarem que são inocentes.
Foram criadas as redes antissociais, que exercem
inaceitável patrulhamento ideológico onde só existem dois lados, o preto
e o branco, a direita ou a esquerda, o Flamengo ou o Vasco. Abriu-se
espaço para a inveja, ao confronto
racial, ideológico e sexual; à intolerância, ao mau humor e ao
desrespeito , num processo autofágico onde tudo é desprezível. É
lamentável.
As redes antissociais
11 Jun 2020- 171