Não sou adepto da violência e abomino qualquer ato que ofenda a
dignidade alheia. Em toda a minha vida, até mesmo na adolescência,
quando são comuns as brigas na escola, não me lembro de ter esmurrado alguém. Sempre
acreditei no diálogo como a única forma de confronto, consciente que não se ganha uma luta pela força;
só se vence convencendo.
Claro que já perdi a cabeça algumas vezes. Mas nada que me tenha me feito
partir para a agressão física.
Passada a raiva das discussões e desentendimentos
, estou sempre pronto para
fazer às pazes e superar as divergências.
Em minhas relações interpessoais, não sou de cultivar inimizades. Ao
contrário, nem me lembro dos meus possíveis desafetos. Como não guardo
mágoas nem rancores, deixo para eles conviverem com
esse sentimento,
nefasto e mesquinho.
Quando me casei, comprei um revolver. Uma pistola
Beretta , adquirida clandestinamente. Preparando-me para ganhar o meu primeiro filho, considerava importante ter uma arma
para proteger o patrimônio inegociável
que estava construindo.
Anos depois, já com mulher e três filhos, acordei de
madrugada com um estranho dentro de casa.
Um ladrão havia cerrado as grades da janela lateral e entrado em minha
residência, colocando em risco a minha vida e da minha família. Mas
me senti seguro para defender, a mim e aos meus,
do ataque inesperado.
A partir dali, passei a justificar
a legitimidade de se ter, em casa,
a posse de um instrumento de defesa
para ser utilizado quando nos sentimos ameaçados
por um mensageiro do mal. É o que penso a respeito desse assunto que está em discussão no Congresso Nacional.
Instrumento de defesa
11 Jun 2020- 172