Dia desses acordei preocupado com muitos assuntos
a resolver. Com “ problemas e angústias que só gente grande é que
tem”, como diria o Roberto Carlos em uma de suas canções, rumei para o
meu escritório
mas lembrei-me que, antes,
tinha um encontro marcado
com o diretor da Fundação Laureano , o médico Carneiro Arnaud, com quem iria conversar sobre
as dificuldades porque atravessa
o Hospital Napoleão Laureano e as alternativas para estimular as doações necessárias ao seu sustento.
No caminho, envolto em meus pensamentos, lamentava
as dificuldades da vida , os compromissos a cumprir, a falta de tempo , as cobranças e o estresse que compõem o nosso dia a dia.
Logo ao chegar dou de cara com a cena insólita e comovente: uma mãe
tirava o seu filho do carro numa cadeira de rodas. O garoto, com 5 ou 6
anos de idade, usava uma máscara protetora ,
estava bastante debilitado e havia perdido os cabelos
por conta do tratamento quimioterápico . Mais
adiante, uma senhora aguardava a sua vez de ser atendida aparentando
sentir muitas dores, amparada pelos seus familiares.
Lá dentro, um piano tocava para alegrar o ambiente enquanto
enfermeiras, médicos e profissionais corriam
de um lado para o outro, dando o melhor de si para acolher tanta
gente que padece de um mal que ainda desafia a ciência e os avanços da
humanidade.
Saí dali com vergonha de mim mesmo. Como poderia estar reclamando da
vida? E me lembrei da oração que minha mãe me ensinou:
” Obrigado Senhor, pelos meus braços perfeitos, quando há tantos
mutilados; pelos meus olhos perfeitos, quando há tantos sem luz; pela
minha voz que canta, quando tantas emudecem; pelas minhas mãos que
trabalham, quando tantas mendigam. É maravilhoso Senhor,
sobretudo por ter tão pouco a pedir, e tanto a agradecer”.
Muito a agradecer
11 Jun 2020- 168