Ele era um homem pacato, silencioso, daqueles que ouvem muito e falam o necessário para se fazer entender. Embora considerado entre os mais capacitados hematologistas da Paraíba e do Nordeste, fazia o seu trabalho reservadamente, com extrema dedicação, sem alarde, com a simplicidade que caracteriza a sabedoria dos grandes mestres. Lidando rotineiramente com casos complicados, muitos deles que colocavam em risco a própria vida humana, o dr. Gilson Guedes inspirava confiança ao primeiro olhar, na primeira consulta, fazendo com que o paciente em tratamento saísse de lá bem mais confortado e otimista do que quando entrou.
Mais do que tudo isso, mantinha um trabalho ainda mais importante: fundou, por conta própria, a Casa da Criança com Câncer, um abrigo destinado à pacientes mirins acometidos com a doença e que não tinham onde se abrigar enquanto se submetiam a tratamento quimioterápico e de radioterapia no Hospital Laureano. A instituição, sem fins lucrativos, mantida através de doações e, muitas vezes, com recursos pessoais do seu dirigente fundador, ajudou na recuperação de milhares de meninos e meninas que hoje estão a correr e a brincar graças às mãos benfazejas do seu Santo Protetor.
Falecido neste fim de semana, aos 86 anos, o dr. Gilson Guedes deixa um legado de fé e de esperança na humanidade, reforçando o conceito de que “quem não vive para servir, não serve para viver”.
O anjo de branco
18 Jun 2019- 144