Ele foi o líder político e popular mais autentico que conheci em meus 45
anos de jornalismo na Paraíba. Simples e despojado, exercia a função
pública com indescritível prazer e alegria. Tinha gosto pelo Poder e
sabia usá-lo com sabedoria e naturalidade. Não
se empavonava com os elogios nem se deprimia com as criticas.
Utilizava-os como alicerces para fortalecer o seu temperamento e
prosseguir em sua caminhada
dedicado às causas do povo que o elegeu e que sempre foi a motivação e a preocupação final da sua atividade como homem público.
Numa época em que o governador agia com muita liberdade de decisão, que
prendia e mandava soltar; que nomeava e demitia com autoridade absoluta,
mesmo para cargos estatutários e vitalícios, Wilson Braga se comportava
como um homem comum, que sabia se conduzir
em meio a tempestades e usufruir da bonança, acreditando nos amigos e
mantendo com eles
uma relação de impressionante fidelidade.
E não fazia distinção entre Governo e Oposição, entre os que votaram e
não votaram nele. Entre os que o apoiavam desde o inicio e os que ia
conquistando ao longo de sua jornada como líder político que nasceu para
liderar, para compreender, para tolerar e, sobretudo,
para estender a sua liderança não apenas para os seus correligionários
mas também para adversários que terminavam se rendendo à sua forma
insólita, inusitada e convergente de fazer política e de construir
amizades.
Foi um grande amigo do meu pai e teve nele um dos seus maiores admiradores. Com
o País ainda submetido a um regime de exceção, que não via com bons olhos
os politicos cassados e expurgados pelo regime militar de 1964,
Wilson Braga tratava o seu amigo Abelardo Jurema como Ministro,
oferecendo-lhe todas as regalias do cargo que não mais ocupava.
Recebia-o no Palácio da Redenção ou na Granja Santana com
todas as honras e mantinha com ele uma relação fraternal e carinhosa.
Devo-lhe muito. Em 1982, quando, ainda muito jovem,
me aventurei a disputar uma cadeira
na Câmara Municipal de João Pessoa, amargando uma
suplência, ele me levou a assumir a titularidade do mandato
através da convocação de vereadores para compor a sua equipe de Governo ,
chegando a criar uma secretaria de Estado para abrigar o vereador
Carlos Mangueira para abrir caminho para a minha posse.
Mais tarde, ao criar a Procuradoria de Assistência Judiciária, órgão
que originou a Defensoria Pública da Paraíba, Braga surpreendeu-me com a
minha convocação para assumir o cargo de Advogado de Ofício, por onde
me aposentei pelo tempo de serviço. Como eu,
creio que metade da Paraíba lhe deve algum favor, algum gesto, alguma
atenção.
Partiu para a sua última viagem com a cabeça
tranqüila do dever cumprido. Em paz com a sua consciência. Pronto para
se recolher à paz da eternidade com o mesmo espírito generoso e fraterno
que marcou a sua vida como servidor
público, presente e benevolente na hora de ajudar os seus semelhantes.
Que Deus
o tenha em bom lugar.
O benfeitor
13 Jun 2020- 175