A expressão é muito usada por aqui e identifica a
valentia do homem nordestino, a sua capacidade de enfrentar e vencer as
vicissitudes em
uma região castigada pela seca, sempre ameçada
pela fome e pela miséria. Está presente na literatura de Zé Lins do
Rego, de João Cabral de Melo Neto , de Jorge Amado, nos filmes de
Glauber Rocha e de tantos outros escritores,
músicos e cineastas que narram a saga do sertanejo que
não se curva mesmo submetido às mais duras provações.
Também é encontrada na musica de Luiz Gonzaga ; nas letras de Antônio
Barros e Cecéu; nas composições de Geraldo Vandré, nos versos de poetas e
cantadores de cordel que contam as histórias sobre a bravura de quem
nasceu no meio do nada, da caatinga impiedosa
que castiga e maltrata e quem
se atreve a sobreviver em condições tão adversas.
Faço essa introdução para chegar em José Cavalcanti, ou apenas Zé
Cavalcanti, como o conhecem os seus conterrâneos de Cajazeiras, onde ele
fez história e virou lenda como o
homem que começou a vida no balcão de uma bodega,
que dirigia carro de aluguel, e que se transformou no grande empresário
que levou para a cidade a sua primeira concessionária dos veículos Ford
e com ela os primeiros sinais
de progresso e desenvolvimento.
Ao completar 90 anos, José Cavalcanti da Silva continua dando exemplos.
Dirige o próprio carro e conduz a própria vida. Não delega
poderes: resolve os seus problemas, escolhe as próprias roupas e
demonstra admirável independência numa idade em que muitos
homens, na maioria das vezes, se conforma com um pijama , uma cadeira de balanço e uma boa aposentadoria.
No próximo dia 21 de setembro ele vai comemorar o seu aniversário com uma grande festa, reunindo todos os seus amigos. Honrado com o convite,
estarei lá para aplaudir esse cabra-macho que tanto orgulha a Paraíba. E, se possivel, saber dele a receita
para manter essa forma admirável e esse indeclinável prazer de viver.
O cabra-macho
11 Jun 2020- 172