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O compromisso continua

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Eu tinha apenas 11 anos quando me sentei numa máquina de escrever Remington e dedilhei algumas palavras em homenagem ao meu pai , na embaixada do Perú, no Rio de Janeiro, onde ele aguardava  o salvo conduto para embarcar para Lima, onde cumpriria prolongado exílio. Esse bilhete, expressando o meu amor filial, foi parar nas mãos do jornalista Tarcísio Holanda e, em seguida,  nas páginas do Jornal do Brasil, na secção Informe JB, publicado em sua edição do dia 2 de maio de 1964, cuja cópia consta em meu livro, Cesário Alvim 27 – Historias do Filho de Um Exilado, editado em 2011  pela UFPB. Mais tarde, aos 20 anos, fiz o 3º Curso de Jornalismo do Jornal do Brasil. Lembro que, ao adentrar nas oficinas, sentir o cheiro forte do papel  e ver as imensas rotativas imprimindo a edição que estaria nas bancas no dia seguinte, cheguei à uma conclusão definitiva. “Aqui é o meu lugar”, pensei na ocasião, completamente tomado pela emoção de ver as notícias jorrando em cascata, registrando a história do nosso tempo. Aos 23, quando cheguei a João Pessoa, tratei de buscar o meu lugar, de procurar  a minha turma. Comecei  em O Momento, um semanário que produzia um jornalismo valente  e insubmisso,   dirigido pelo intrépido jornalista Jório Machado. Mais tarde passei pelo O Norte, de Marconi Góes, e, em seguida, cheguei às páginas do CORREIO , onde, há 30 anos, comando  a coluna “que todo mundo lê”. Por tudo isso, é claro que o fechamento do CORREIO DA PARAIBA  me abalou muito, mas não o bastante para retirar o meu entusiasmo e  fazer fenecer  o jornalista que sempre fui. Surpreso com a decisão, que tomei conhecimento na véspera através do companheiro  Clovis Roberto, comecei imediatamente a pensar no que iria fazer da minha principal atividade, sobretudo, que destino dar à coluna que escrevo há 45 anos, um recorde histórico na Imprensa paraibana. Decidi pelo caminho natural da midia eletrônica, passando a postá-la  em minhas redes sociais e utilizando os recursos da internet para levá-la aos meus leitores e amigos. O resultado foi surpreendente e a repercussão imediata. Em poucos dias, percebi que o Correio havia acabado,  mas  a coluna Abelardo Jurema não. Lembrei-me das palavras sábias do meu pai: “Um jornalista  jamais fica desempregado. A sua profissão está dentro dele e o seu escritório,  na cabeça”. Decidi ir em frente. O compromisso continua. 

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