Pensava-se que o assunto já estava encerrado. Mas, há alguns dias, o
deputado Adriano Galdino, a quem reputo um dos mais preparados políticos
da nova safra paraibana, anunciou que tem planos de transferir a sede
da Assembléia Legislativa para um novo prédio
na BR 230, em terreno a ser adquirido pelo Poder público.
Desde que o seu antecessor no cargo, deputado Gervásio Maia, investiu
mais de R$ 40 milhões no projeto de reforma e reaparelhamento
do prédio construído no inicio dos anos 70, pelo então governador Ernani Sátiro, supunha-se que a nossa praça João Pessoa
seria o endereço definitivo do Poder Legislativo da Paraíba,
preservando o Centro Histórico e defendendo o simbolismo da praça
centenária onde estão
os demais Poderes do Estado.
Ressalte-se que os investimentos não se resumiram apenas à sede
que abriga o Plenário José Mariz e os gabinetes dos senhores deputados,
assessores e servidores. Foram muito além, se estendendo ao entorno
daquela área ,
com a desapropriação de prédios vizinhos, construção de estacionamentos, centro médico
e outras providências necessárias ao bom funcionamento da
chamada Casa do Povo. Afora isso, recuperou-se o antigo prédio do
Parahyba Hotel, transformado no Centro Administrativo da própria
Assembléia, contribuindo para a
revitalização do Ponto de Cem Réis, um dos locais mais emblemáticos da nossa paisagem urbana.
Com o apreço e o respeito que me merece o
presidente Adriano Galdino, Líder inconteste do parlamento paraibano,
eleito, democraticamente, para dois mandatos consecutivos pelos seus
colegas deputados, há que se considerar que a mudança
não parece adequada nem oportuna para o momento
de contenção e ajustamento de despesas propostas pelo Governador João
Azevedo e pelo próprio dirigente do Poder Legislativo que tem feito
cortes significativos em gratificações e despesas
de custeio, exatamente para evitar o desequilíbrio financeiro do órgão
que dirige, ameaçado pela crise econômica que afeta quase todos os
estados nordestinos.
Manter a Assembléia aonde está há quase 50 anos, nos parece uma questão
de bom senso e de respeito, não apenas para com os recursos públicos
ali empregados mas, sobretudo, com a memória da cidade e
pela temeridade que representa uma intervenção cirúrgica delicada,
no coração da capital paraibana,
que pulsa exatamente ali, na centenária praça dos 3 Poderes.
O coração da cidade
13 Jun 2020- 175