O dever e o prazer

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Abelardo Jurema Filho


Foi o intrépido deputado Ulysses Guimarães, de saudosa memória, que devolveu a democracia ao Brasil comandando uma das maiores campanhas cívicas que o País já assistiu pelo retorno das eleições diretas para a Presidência da República, após mais de 20 anos de um Regime Militar autoritário e opressivo, quem pronunciou a frase que sempre norteou a minha conduta.
- O segredo de viver bem, é fazer do dever um prazer.
De lá para cá, persegui esse objetivo. Não fazer apenas o que gosto, mas procurar gostar daquilo que, por circunstâncias ou obrigação, preciso realizar para corresponder ao meu trabalho, para atender expectativas e, sobretudo, cumprir com o meu dever.
Tempos atrás recebi uma lição importante nesse sentido quando abri mão de uma função como repórter estagiário, no jornal do Brasil, onde trabalhava, para aceitar oferta de um amigo do meu pai, o senador norte-riograndense Raimundo Soares (já falecido), que me acenou com uma atraente nomeação para a Federal de Seguros, empresa estatal, que não mais existe, onde passaria a perceber salário quase quatro vezes superior ao que recebia como “foca” no JB.
Pus de lado a vocação e o amor pela profissão por uns “trocados” a mais no meu contracheque. Em pouco tempo estava tão entediado no novo emprego, onde não conseguia me adaptar e muito menos gostar das atribuições que me cabiam, como chefe da seção de Sinistros e Resseguros, que, por vezes, me trancava no banheiro a chorar pela decisão tomada e a lamentar o destino que estava oferecendo a minha própria vida. Felizmente. não demorei a enxergar o erro e retomei o meu caminho.
Hoje, confesso que me considero um homem privilegiado. Jornalista por vocação, apaixonado pela profissão, me debruço, horas a fio, sem perder bom humor, para captar informações e redigir notícias para a coluna que há mais de quarenta anos mantenho na imprensa paraibana. Também escrevo esses artigos que, há dois anos, venho publicando em A União, uma responsabilidade que me foi conferida pela jornalista Naná Garcez e que preciso cumprir com a assiduidade e o esmero que exige esse espaço nobre no jornal mais importante da Paraíba. Mesmo em dias de pouca inspiração, como agora, quando as palavras me faltam e as ideias fogem do meu pensamento, além da necessidade de cumprimento do horário determinado pelo editor Luiz Carlos de Sousa, não me furto a redigir um novo texto e a procurar assunto que possa ser do interesse comum. E me encontro nas palavras do poeta Thiago de Melo, falecido recentemente, um dos escritores mais sensíveis e apurados dos nossos dias, que foram transcritas pelo advogado e escritor Ivo Sérgio Borges, na página de Opinião da coluna do Abelardo, onde tem se revelado um dos melhores cronistas da atualidade:
- Escrevo sobre o que me comove; o que instiga minha sensibilidade ou minha inteligência. O que me alegra, ou me dói.
Também penso assim. E talvez seja por isso que hoje me esforço a trazer a lume minhas experiências e emoções, acreditando, que através delas, possa oferecer bons exemplos e atingir a sensibilidade dos meus eventuais leitores.
E a lição que fica é a preconizada pelo Dr. Ulysses: dever e prazer devem caminhar sempre juntos.

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