Embora tenha sido um adolescente apaixonado pelos Beatles, pelas
canções do Roberto e pelos filmes de Elvis Presley, nunca me animei a
participar de um fã clube, desses que o seus integrantes acompanham os
seus ídolos e são capazes de
qualquer sacrifício para estarem ao seu lado, aplaudindo os seus shows ,
recortando jornais e revistas, colecionando fotos
e monitorando todos os seus passos.
Mas sempre admirei a forma de amar dessas pessoas que expressam o seu
carinho a quem nunca foram apresentados; a quem conhecem à distância e
amam desinteressadamente, sem esperar nada em troca, a não ser um
aceno, um autógrafo, um beijo na face ou um gesto
de carinho , obtido ao final de um show ou num encontro casual em que têm a oportunidade de demonstrar
o seu afeto e o sentimento inexplicável que lhes arrebata
o coração.
Por conta da minha atividade, como uma personalidade
pública, sempre presente nos meios de comunicação, quer seja
como jornalista , apresentador
de televisão ou num palco colocando para fora os dons musicais que me
acompanham desde a infância, fui alvo de algumas dessas manifestações
que representam o salário moral
a que meu pai se referia, sempre que reconhecido nas ruas pelo seu trabalho.
Esta semana, perdi a minha fã numero 1. O nome dela era Kátia Lanuza,
uma professora primária que me presenteou com o meu primeiro – e único –
fã clube, do qual se auto-proclamou presidente
e que reunia muitas de suas amigas que, como ela,
me amavam à distância, vibravam
com minhas conquistas, se preocupavam com a minha saúde, da minha
família, e estavam sempre vigilantes a tudo o que acontecia à minha
volta.
Ela partiu, aos 47 anos, vitima de complicações com o diabetes, sem que eu tivesse a chance de me despedir e agradecer o seu incentivo, o seu entusiasmo
e tudo o que fez por mim. O
que faço agora, comovidamente, com o meu coração partido,
de tristeza e de saudade.
O fã clube
11 Jun 2020- 166