no image

O homem do candeeiro

  • 168
Fonte:
Imprimir

Minha avó, dona Maria das Neves Pessoa, a Vovó Linda, como a chamavam todos os seus netos, costumava falar em suas histórias sobre o homem do candeeiro, um funcionário municipal que, pontualmente às 6 horas da tarde, acendia o lampião dos postes das principais ruas da cidade. Numa época em que não havia luz elétrica , era ele o responsável pela iluminação pública trazendo  luz às pessoas que diariamente aguardavam  a sua presença. Foi desse personagem que me lembrei agora quando soube do falecimento do médico Mazureick Morais , um dos símbolos da obstetrícia paraibana, que, em mais de 50 anos de profissão, trouxe ao mundo milhares de crianças, conduzindo o parto de mulheres, de todas as classes sociais, iluminando  famílias inteiras que aguardavam ansiosas o nascimento dos seus rebentos. Tal como o homem do candeeiro, ele não fazia distinção em seu trabalho nem a quem estava levando a luz preciosa. Atendia a toda gente, quer de família abastada ou das   que viviam na periferia, que padeciam nos hospitais públicos e muitas vezes, não tinham tempo sequer de sair de casa, onde ele fazia o atendimento nas mesmas condições  de uma parteira do interior, sem recursos, contando apenas com as suas mãos benfazejas  e a proteção Divina. Como homem, era uma figura exemplar. Inexcedível como chefe de família, indispensável como amigo leal e sincero, incansável em seu desejo de servir ao próximo. Conhecia-o, de nome,  muito antes de vir morar aqui, há mais de 40 anos. Sua  integridade , seu caráter e sua generosidade já me  eram  relatadas pelo meu irmão Oswaldo que o tinha na mais alta conta. Quando ia ser pai pela primeira vez, sem dinheiro para pagar um bom médico, fui a ele. Sem nada me perguntar ou exigir, fez o parto do meu filho,   às 6h da manhã,  quando o avistei, com o seu jaleco branco, na porta da antiga maternidade Roberto Granville. Fez o trabalho  sem nada cobrar. Trouxe ao mundo o meu primogênito João Luiz. E, com ele, me deu a luz, como aquele velho homem do candeeiro de que falava minha saudosa avó.

no image
Matéria Anterior Homenagem
Próxima matéria Tribuna livre
Leia também:

+Notícias

Não perca as mais lidas da semana

Artesanato em alta

12 Jul 2025
  • 217

Propaganda High Tech

12 Jul 2025
  • 212

Turnê na Capital

12 Jul 2025
  • 210
Ver mais notícias