Eu tinha 56 anos quando, após uma consulta de rotina com o
médico urologista George Guedes Pereira, fui aconselhado a realizar alguns exames
clínicos para ver como andava o meu estado geral de saúde. No dia seguinte, estava no Laboratório de Análises
Maurilio Almeida. Os resultados apontaram um
pequeno acréscimo no volume da próstata, que poderia ser comum, de
acordo com a idade e as condições de cada paciente. “Mas é melhor você
realizar uma ultrasom para ajudar a esclarecer o caso”,
frisou doutor George.
Ato continuo, procurei o dr. Paulo Sérgio
Toscano, amigo de longas datas, médico radiologista e diretor do Cedrul,
para tentar concluir o diagnóstico. Ao final, mais uma ponderação
médica:
- Creio que é necessário que você faça uma biópsia. O PSA elevado (4.1) e
a imagem obtida no exame sugerem uma investigação mais profunda,
concluiu.
Alguns dias depois, com um mau pressentimento, fui buscar o resultado do
exame. Fui sozinho. Não precisava ser médico para saber o que dizia o
documento: eu era portador de um carcinoma, um tipo de câncer em
situação primária, mas que deveria merecer atenção
imediata para não provocar estragos ainda maiores.
Com a ajuda de familiares e amigos, fui para São Paulo me consultar com a
maior autoridade do País naquela especialidade: o doutor Miguel Srougy,
um libanês naturalizado brasileiro, de prestigio internacional. A
conversa foi curta:
- O Sr. é portador de um câncer de próstata em estágio inicial. O caso é cirúrgico, embora existam outras alternativas
experimentais.
- Se fosse o seu filho, o que o sr. recomendaria?
- Operaria imediatamente.
A cirurgia foi um sucesso e, alguns dias depois, no leito do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, recebi a visita do dr. Miguel.
- Vá embora para a Paraíba. Você pode morrer de câncer, mas não deste câncer.
De lá para cá, e já fazem 11 anos, sou considerado clinicamente curado.
Aqui em João Pessoa, devido às minhas atividades como uma figura
pública, passei a ser exemplo do “prostático bem sucedido”. Por vezes
recebo pessoas em meu escritório querendo saber
sobre a minha experiência e o segredo da minha recuperação.
Neste novembro azul, que começa hoje, dedicado à prevenção do câncer de
próstata, deixo um conselho aos meus leitores: para enfrentar esse
problema, além de amar a vida e ter fé em Deus, é necessário
resiliência, coragem e decisão. O primeiro para receber a noticia com resignação; o segundo,
para combater o inimigo; e,
terceiro, agir rápido para cortar o mal pela raiz.
O mal pela raiz
13 Jun 2020- 210