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O sacerdote da educação

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Abelardo Jurema Filho
 
Ele era uma pessoa comovente, de admirável simplicidade. Um homem por inteiro, bem resolvido, bem-humorado, com uma vivência intensa que lhe conferia extraordinária sabedoria, como quem tem a receita da paz e da realização interior. Conheci-o tão logo aportei em João Pessoa, ainda em meados dos anos 70, quando conclui o curso de Direito na faculdade que ele dirigia, o Unipê, naquela época ainda IPE, o valoroso Instituto Paraibano de Educação, que fundou ao lado de outros mosqueteiros, semelhantes aos lendários personagens de Alexandre Dumas.
Apesar da diferença de idade, conversávamos como velhos amigos. Tínhamos empatia um pelo outro, acrescidas da grande admiração que ele me inspirava. Ao seu lado, sentia-me fortalecido e motivado. Não sei bem porque, mas ele gostava de mim. Admirava o meu trabalho e a minha forma de escrever. Trocávamos ideias e aprendia muito com a sua experiência, a sua sabedoria e a forma inteligente e sensata de suas considerações e conceitos sobre as nossas angústias e problemas cotidianos.
Em 1997, resolvi entrevistá-lo para um suplemento que editava no Correio da Paraíba, do qual resultou o meu livro “Paraíba Masculina”, editado pela TextoArte, do jornalista Fernando Moura, em que reuni depoimentos de 50 homens de destacada atuação na Paraíba do século XX. Para abrir o texto, dei-lhe um título que tomou para si, considerado, segundo ele mesmo, “o mais adequado” entre todos aqueles com que já havia sido contemplado.
Durante a celebração de um casamento na Catedral Metropolitana, igreja lotada, ele inseriu em sua homilia: “como bem disse o jornalista Abelardo Jurema Filho, eu sou o Sacerdote da Educação”, frisou o Monsenhor perante todos os convidados, para minha surpresa e orgulho.
Mais tarde, quando a idade já limitava os seus movimentos, mas ainda bastante lúcido, me comoveu fortemente vê-lo chegar à Academia Paraibana de Letras para sufragar o meu nome como candidato à cadeira de número 12, que ocupo hoje. Mesmo aconselhado por amigos, que não deveria sair de casa, por recomendações médicas, não se rendeu:
- Quero ir votar pessoalmente no "menino de Abelardo", numa alusão ao meu pai a quem também admirava e havia conhecido em diversas oportunidades.
Não exagero que, como padre, o monsenhor Marcos Trindade era um homem santo. O seu otimismo, alegria e perseverança alimentavam os nossos sonhos e revigoravam a nossa fé. Como educador, era um Santo Homem, que dedicou a sua vida a educar os jovens, a repassar os seus conhecimentos, a imprimir os mais sólidos conceitos de caráter, ética, moral e religiosidade a muitas gerações de paraibanos que tiveram o privilégio de sua convivência inspiradora.
Todos temos muito o que agradecer a Padre Marcos e reverenciar a sua memória. É impossível esquecer o tanto que ele fez, o quanto realizou e o muito que se sacrificou para que tivéssemos uma sociedade mais justa, fraterna e humana.
O homem santo, ou o santo homem, nos deixou. Mas segue em paz. Como ninguém, ele conhece os caminhos da Verdade e da Vida.   

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