No final dos anos 60, os Beatles lançaram um
álbum antológico, denominado Sargent Pepper’s Lonely Heart Club Band ( a
Banda dos Corações Solitários do Sargento Pimenta) , que consagrou,
definitivamente, o trabalho musical
do grupo perante os críticos mais exigentes que estavam desejando
comprovações mais palpáveis da genialidade daquele quarteto que iria
modificar os costumes e provocar uma verdadeira revolução social no
planeta.
Naquele disco, chamava a atenção uma composição intitulada When I’m
Sixty Four ( Quando eu tiver 64 anos), que aborda o amor de um casal que
discute o futuro de sua relação quando eles estiverem idosos e sem o
mesmo fogo e paixão que os unia. “Quando eu ficar
mais velho, perdendo os meus cabelos, daqui a muitos anos, você ainda
me mandará presentes no dia dos namorados?”, pergunta o rapaz à sua
mulher.
No tempo em que foi composta, homens com mais de sessenta anos, agiram e
eram tratados como verdadeiros anciãos que, atingindo a chamada
idade provecta, pouco ou quase nada teriam a fazer a não ser cuidar dos
netos, realizar
compras em supermercados e jogar baralho com os
amigos aposentados. Bem diferente de hoje quando os “sessentões” estão
por aí, malhando nas academias e tomando pílulas para melhorar o
desempenho sexual.
Esta semana, exatamente no dia dos Namorados, cheguei aos 67 anos.
Excetuando as perdas do meu coração, que ficaram pelo caminho, e as
marcas do tempo, continuo cheio de energia e entusiasmo pela vida, com
projetos de novas conquistas e
realizações. O jantar que marcou o meu
aniversário, realizado no restaurante Gulliver Mar, com a presença de
tantos amigos que me acompanham há tanto tempo,
referendou
o compromisso que mantenho
de servir ao próximo e
de continuar a me remunerar
com o salário moral de que falava meu pai, este,
sim, a grande recompensa que recebemos nesta vida tão passageira da qual
sé levamos os bons
exemplos que deixamos e os
atos que praticamos em favor do bem comum.
O salário moral
11 Jun 2020- 175