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Os anjos de branco

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Abelardo Jurema Filho
 
Eu tinha 20 anos quando precisei fazer exames de saúde para assinar o meu primeiro contrato de trabalho com o Jornal do Brasil, após ter cumprido estágio, como repórter. Entre eles, era necessário uma abreugrafia, um teste radiológico simples, hoje em desuso, capaz de identificar qualquer alteração pulmonar.
Embora fumante, que consumia uma carteira de Holywood por dia, me julgava um jovem saudável, que jogava futebol de areia na praia de Copacabana e que tinha um fôlego privilegiado – capaz de atravessar uma piscina de 50 metros por baixo d’água. Daí a minha surpresa ao ouvir o parecer do médico:
- Você tem um minúsculo ponto no pulmão esquerdo que precisa ser investigado, observou, ao tempo em que me entregou uma requisição para uma nova radiografia para concluir o seu diagnóstico inicial: suspeita de tuberculose, em sua fase mais incipiente.
Saí dali desorientado e angustiado como se tivesse ouvido a minha sentença de morte. Naquele tempo, a doença, quando instalada, ainda era temida e fazia muitas vítimas, algumas delas fatais.
Levado pelo meu pai, fui ao doutor Francisco Benedetti, considerado um dos maiores pneumologistas do País, médico do presidente Juscelino Kubitschek, que me encheu de confiança: “Não se preocupe: você ficará totalmente curado”, garantiu.
Hoje, quase cinquenta anos depois, estou contando essa história. E ainda recordo a imagem do dr. Benedetti, com aquela longa bata branca, como um anjo da guarda, a me proteger.   
Muito anos depois enfrentei um novo desafio. Num exame de rotina, fui diagnosticado como portador de um câncer de próstata, ainda em estágio inicial, mas o suficiente para deixar a mim, e a minha família, bastante alarmados. Auxiliado por familiares, fui para São Paulo me consultar com o mais renomado especialista do país, o professor Miguel Srougy, um libanês, muito simpático e atencioso, que não apenas confirmou o diagnóstico e os exames laboratoriais realizados na Paraíba, como indicou a cirurgia como o procedimento mais eficaz para extirpar a doença. Em 15 dias estava embarcando de volta a João Pessoa, em avião de carreira, para retomar as minhas atividades. E, ao se despedir, o dr. Miguel Srougy ratificou o seu parecer final. “Vá embora tranquilo. O seu mal ficou aqui”. E me desejou boa viagem.  
Treze anos após desse episódio, clinicamente curado, estou relatando essas experiências e confirmando a presença de Deus no meu destino através desses anjos de branco que foram instrumentos de sua vontade.
E narro essas duas histórias para enaltecer e parabenizar todos os médicos paraibanos pela passagem, ontem, do Dia do Médico. Profissionais altamente competentes, homens abnegados, ungidos por Deus, que dedicam suas vidas para salvar vidas, na mais bela e comovente entre todas as profissões.

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