O
chamado Caso Watergate, considerado o maior escândalo político
ocorrido nos Estados Unidos e que culminou com a renúncia
do presidente Richard Nixon, deu-se em 1974, quando ficou comprovado
que ele teria conhecimento prévio de uma invasão à sede do Comité
Nacional do Partido Democrata , localizado no Complexo Watergate, para
copiar documentos e instalar aparelhos de escuta
no escritório do partido Democrata, o seu principal oponente nas
eleições norte-americanas.
O episódio foi desvendado quando dois repórteres do jornal Washigngton Post, uma das referências da imprensa internacional,
Bob Woodward e Carl Bernstein,
começaram o investigar o fato. Durante muitos meses, eles trabalharam
duro até que conseguiram provar, através de fitas gravadas, que o
assalto ao edifício de Watergate
partiu da Casa Branca e que o presidente Nixon tinha pleno
conhecimento das operações ilegais.
Eleito e reeleito presidente da maior potência mundial, Nixon foi obrigado, por decisão da Suprema Corte, a apresentar as
gravações originais que comprovariam o seu envolvimento na ação criminosa. Diante das evidências, que poderiam
implicar o seu impeachment pelo Congresso Nacional, preferiu renunciar ao cargo, desaparecendo do cenário político do País.
Wattergate
virou filme de sucesso sob o título Todos os Homens do Presidente
(All the President Men), aludindo ao fato de
que o presidente Nixon teria agido por influência de dois assessores
palacianos , promovidos a Conselheiros Oficiais da Presidência, que o
convenceram a dar o passo errado que terminou interrompendo a sua
carreira política e destruindo a sua imagem perante
a opinião pública.
Não relembro este episódio para sugerir
o impeachment ou a renúncia do
presidente Jair Bolsonaro, legitimamente eleito com mais de 57 milhões
de votos de acordo com a vontade da maioria dos brasileiros. Como
intransigente defensor do regime democrático, comungo
com aquele espírito legalista dos que abominam golpes de Estado e o
desrespeito à soberania da Constituição. Estou entre os que só
admitem a troca de um Governo por
outro através de eleições livres e soberanas.
Se
trago o exemplo americano à baila é para enfatizar que as más
influências são profundamente nefastas na vida de um homem
público, sobretudo naqueles que estão no exercício do Poder, quando
precisam cercar-se de assessores inteligentes, preparados, ponderados e
que tenham coragem até para divergir de uma
orientação, alertando-o para a impropriedade ou inadequação de
determinada
atitude.
O que preocupa na crise
brasileira é que os homens do presidente não são meros desconhecidos recrutados que ele possa afastar na hora que lhe aprouver.
Estão dentro de
sua casa e exercem sobre o chefe do Governo não apenas influência, mas
uma ascendência, o fascínio de uma ligação genética que os permite
não apenas sugerir, mas, praticamente, obrigar
que o pai os defenda, em toda e qualquer situação, estejam certos
ou errados.
Os Zero 1, Zero 2 e Zero 3 são as mais fortes ameaças ao futuro do presidente que o Brasil escolheu,
o capitão que agora cogita mudar o País pela força, sem entendimento nem conciliação.
Os homens do Presidente
23 Jun 2020- 162