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Quem conhece a minha história sabe que sou carioca da gema, nascido na Casa de Saúde Santa Lucia, no bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro. Foi lá, na Cesário Alvim 27 – a casa da família “lá da Paraíba”, como diziam os vizinhos – que me criei e tive uma infância sadia, jogando bola na rua, andando de carrinho de rolimã, tirando frutas do pé de jambo , chupando Chicabom e brincando de Pique Bandeira com os meus amigos da rua que era o centro de todas as nossas atividades.
Nas férias saíamos de casa – eu e meu irmão, João Luiz – com os
primeiros raios de sol. Víamos o pão e o leite serem colocados nas
portas das casas; íamos à padaria para comer o pão quentinho; andávamos
de bicicleta sem capacete nem joelheiras; pulávamos
corda e amarelinha e fazíamos artes, como todas as crianças, merecendo
reprimenda severa dos nossos pais.
Sexo ficava para algumas revistinhas que circulavam na escola, com
desenhos em tinta nankim, com cenas que aqueciam a nossa imaginação e
nos faziam permanecer mais tempo tomando banho. Andávamos descalços a
maior parte do dia e nos vestíamos com muita
simplicidade: um calção e uma camiseta eram suficientes para nossas
necessidades.
Hoje o que se vê são crianças com jeito de adultos, com celular à
mão e dando ordens aos seus pais, acreditando que não podem ser
contrariadas, que tem direito de exigir tudo o que querem, que passam
horas com os seus smartphones, conversando com o imponderável
e conhecendo todas as mazelas de um mundo sem fronteiras.
Esta semana recebi um vídeo do médico João Medeiros, principal
referência da pediatria paraibana, que adverte sobre o número
impressionante dos casos de meninos e meninas apresentando problemas
mentais de depressão e angústia, que , às vezes, os levam
até mesmo a acabar com a própria vida antes dela realmente começar.
Vale a advertência: amar não é ceder a tudo. É melhor contrariá-los
agora , estabelecendo regras e limites, do que chorar mais tarde a dor
indescritível de perdê-los.