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Se meu Fusca falasse...

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Ele foi o primeiro  automóvel  a ganhar o  papel principal num filme que marcou época no cinema: Herbie, se meu Fusca falasse, uma produção americana de 1969.  Fez tanto sucesso que mereceu várias  outros episódios  sobre o mesmo tema, relatando as aventuras de um  carro mágico, com personalidade e sentimentos , que desperta a paixão de um mecânico  que sonha ser  piloto de corridas. Os dois vivem muitas aventuras e conquistam vitórias improváveis em eletrizantes competições esportivas.
O Fusca foi o meu primeiro carro, adquirido graças ao meu primeiro emprego, com carteira assinada, na Federal de Seguros, uma empresa estatal  que não mais existe, localizada no centro do Rio de Janeiro, onde trabalhei por quase três anos. Ainda me recordo da emoção que senti ao sair da  agência  na avenida General Polidoro, em Botafogo, dirigindo aquele Volkswagen vermelho, comprado com meu salário, fabricado em 1967 e com 4 anos de uso , mas em bom estado de conservação, adquirido em 36 longas prestações.
Realizava, assim, aos 21 anos,  parte do  sonho de todo jovem da minha idade ,  imortalizado  pelo  compositor Jorge Ben (hoje Benjor),  um dos símbolos de uma época de ufanismo e euforia vivida pelo Brasil a partir dos anos 70, com a conquista do Mundial de Futebol  do México, com Pelé e companhia: “Moro num País tropical/ abençoado por Deus.../ tenho um fusca e um violão/  e  uma nega chamada Teresa”.  Para mim, faltava apenas a “nega” Teresa, mas já tinha uma linda  namorada e um Di Giorgio que me acompanhava nas minhas tertúlias da juventude.
Equipei o carro para deixá-lo mais bonito...  e impressionar as garotas. Troquei o estofamento e instalei um rádio e toca-fitas Road Star, com potentes alto falantes, transformando-o  num autêntico flat móvel, que passou a ser uma  extensão de minha casa. Sentia-me livre e independente e foi a partir dele que pude conhecer os lugares mais atraentes da Cidade Maravilhosa;  os caminhos e os pecados da Barra da Tijuca; ver as "corridas de submarino"  no Arpoador;  as praias de Cabo Frio, Búzios  e Arraial do Cabo, na região dos Lagos;  além  de  Petrópolis, Teresópolis  e adjacências.  Passei a não respeitar fronteiras  em minhas aventuras a bordo de minha “máquina voadora”.
Esta semana, a fábrica alemã Volkswagem produziu um vídeo comovente,  anunciando a despedida definitiva do Fusca, que jamais voltará a ser fabricado, em qualquer de suas versões. Senti como se fosse a morte de um parente.  Assim como aquele personagem do filme, eu também amava o meu Herbie, de quem me separei  em 1975, quando vim ao encontro do  meu destino em João Pessoa.
Mas a lembrança daquele carrinho vermelho, cúmplice de minhas emoções, que me deu asas para voar, eu nunca hei de esquecer.

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