Foi em 1992, quando da Rio Eco 92, a maior conferência mundial
já realizada no Brasil, promovida pela Organização das Nações Unidas, que
reuniu mais de 110 chefes de Estado para debater formas de
desenvolvimento sustentável, um conceito novo para a época, que o
jornalista e publicitário Carlos Roberto de Oliveira, de saudosa
memória, então presidente da PBTUR, cunhou a frase que se tornaria
famosa e que , de tanto repetida, terminou por ganhar contornos de
verdade absoluta:
- João Pessoa é a segunda cidade mais verde do planeta, só perdendo para Paris.
O conceito, retirado apenas da imaginação do seu autor, foi adotado nas
peças publicitárias da Empresa Paraibana de Turismo, ganhou o mundo e
foi assimilada pelos turistas que nos visitavam para conhecer esse
verdadeiro jardim que era anunciado aos quatro ventos
e que atraia a curiosidade daqueles que se sensibilizavam com esse
irresistível
apelo ecológico.
Com o tempo, entretanto, essa imagem que nos deixava orgulhosos como
habitantes de uma cidade privilegiada, de ar puro e de pleno contato com a natureza, foi se desgastando. Hoje, é
bastante desembarcar no
aeroporto Castro Pinto para constatar que a aquela paisagem bucólica não
existe mais. Da janela do avião já se percebe os arranha-céus do
altiplano do Cabo
Branco dizimando a mata atlântica e, no caminho para a Ponta do Seixas, a erosão vai destruindo
o ponto mais oriental do Brasil.
Esta semana, a Assembléia Legislativa, estimulada por uma reportagem da TV
CORREIO, promoveu uma sessão especial
para debater o problema do Rio Paraíba, o mais importante do Estado por
sua extensão e relevância econômica,
que está morrendo afogado em suas próprias águas,
poluídas pelos esgotos sem tratamento, pelo lixo plástico e pelos
produtos tóxicos despejados por fábricas e usinas, comprometendo a vida
marinha e o sustento de milhares
de famílias. Está mais do que na hora de exigirmos respeito, repetindo
os versos de Garcia Lorca: João Pessoa, “verde que te quero verde”.
Verde que te quero verde
11 Jun 2020- 174