A morte do jornalista Heraldo Nóbrega calou fundo no meu coração e de todos os jornalistas paraibanos que amam a sua profissão. Nos conhecíamos há mais de 40 anos, desde a redação de O Norte onde iniciamos a nossa atividade na Imprensa e trabalhamos por um longo tempo de experiências e conquistas. Alguns dias atrás, num dos estúdios da TV Máster, ele me falou sobre a depressão que o afligia e que o levava ao completo descontrole. - “Tenho muita ansiedade, muito medo do futuro e, por vezes, penso em me matar”, disse-me em tom grave e assustador. Conversei com ele por mais de meia hora tentando demovê-lo dessa drástica decisão. Falei das coisas boas que a vida lhe oferecia, do seu trabalho e das pessoas que o amavam e precisavam de sua presença. Disse da necessidade de que ele procurasse ajuda na fé em Deus, na força espiritual e na palavra confortante de Jesus que se sobrepunha a todos os seus argumentos. Recomendei ajuda psicológica. Sugeri que ele desenvolvesse atividades prazerosas e procurasse grupos de ajuda mútua. Falei da importância da sua família, da menina que havia adotado, das suas conquistas profissionais; cheguei a suplicar que ele tirasse essa ideia da cabeça; e o fiz prometer que antes de chegar a um gesto extremo ligasse para mim. “Se você não tiver com quem falar, fale comigo que eu o escutarei. Mas não cometa esse desatino”, frisei. Ontem pela manhã, logo cedo, acordei com a notícia de que ele havia saltado para a eternidade. Achou que seria o caminho mais curto para se livrar da sua angústia e do seu sofrimento. Você deveria ter ligado para mim, meu amigo. Nem que fosse para se despedir e dizer o adeus que faltou ao encerrarmos aquela nossa última e definitiva conversa.
A despedida
30 Nov 2019- 72