Não conheço os autos do processo e muito menos as razões que determinaram a prisão do empresário Roberto Santiago, ocorrida ontem, em mais uma ação conjunta dos órgãos de Segurança, aliados ao Gaeco, do Ministério Público Estadual. Não sei o motivo que determinou o seu encarceramento, quando o inquérito ainda está em andamento e ele ainda não foi condenado pela Justiça. Mas, conheço bem a trajetória do fundador do Manaíra Shopping, desde os tempos em que, com menos de 20 anos, ocupava um pequeno escritório na rua desembargador Souto Maior, no Parque Solon de Lucena, onde vendia loteamentos em municípios do interior do Estado, em áreas de pouco valor, de propriedade da família, como forma de saldar as dívidas acumuladas pela falência que atingiu o grupo, à época liderado pelo seu pai, o empresário Divaldo Nóbrega, já falecido. Foi num desses terrenos, remanescentes do espólio familiar, que Roberto Santiago idealizou construir o Manaíra Shopping, o primeiro shopping Center de João Pessoa, numa área até então muito pouco habitada, sem valor comercial, localizada na entrada da avenida Flávio Ribeiro, na época um local muito procurado pelos namorados para encontros furtivos, no acesso ao aeroclube da Paraíba. No início, a ideia foi repudiada pela maioria dos “especialistas” econômicos e por boa parte da sociedade paraibana que não acreditavam no empreendimento. “É um sonhador”, diziam alguns, desdenhando da iniciativa que, àquela altura, começava a ganhar corpo e forma. Persistente e acreditando na viabilidade do empreendimento, Roberto Santiago pôs-se a percorrer os bancos e instituições financeiras em busca de parceiros que topassem bancar o negócio. Por sorte, encontrou o executivo José Dias Filho, à época superintendente local do Banco Itaú, que comprou a ideia e acreditou na capacidade de trabalho daquele jovem sonhador. Foi com os recursos obtidos com o financiamento de um dos maiores bancos privados do País que Roberto Santiago tocou o seu projeto adiante. Perseverante, destemido, assumiu riscos, endividou-se e, por fim, viu nascer o filho pródigo que veio mudar o perfil da capital paraibana. Com o shopping surgiram novos empregos. Empresas nacionais – e multinacionais – vieram se instalar em João Pessoa; grandes magazines como as Lojas Americanas, saíram de sua zona de conforto para investir na Paraíba. A economia passou a girar com mais velocidade e a cidade nunca mais foi a mesma, modificando hábitos e costumes de quem encontrava no Manaíra Shopping não apenas uma opção de compras, mas, sobretudo, uma área de lazer, de convergência e de convivência. Como amigo, Roberto Santiago é inexcedível, “aquele que está do seu lado em qualquer caminhada”, como na canção do Rei. Conserva as suas velhas amizades e conquista novas com a mesma naturalidade. Solidário, afetuoso, compartilha o sofrimento alheio e é um homem que jamais se furta a ajudar o próximo. Tem coração largo, generoso, e é humilde o bastante para não proclamar os muitos benefícios que destina à pessoas carentes que ampara em silêncio. Como chefe de família, é marido atencioso, pai presente e comprometido com o futuro dos filhos, a quem trata com amor e afeto, exigindo, simultaneamente, responsabilidade e trabalho, criando-os sob os ensinamentos do Evangelho, da comunhão e da caridade, sob as bênçãos da Igreja Católica. Não sei os motivos da prisão. Mas sei quem é esse homem que mudou a história de João Pessoa, que não se rende às adversidades e que, certamente, saberá dar a volta por cima, acatar a Justiça dos homens e retomar a missão que lhe cabe como um guerreiro valente e vitorioso, predestinado a lutar e a vencer.
Coração valente
24 Mar 2019- 164