Ele foi o primeiro a me acolher quando vim morar em João Pessoa, nos meus vinte e poucos anos. Tornamo-nos amigos inseparáveis, que nos identificávamos no modo de agir e de pensar. Uma afinidade recíproca que, com o passar do tempo, se transformou em amizade sólida, madura, forjada nas experiências de uma juventude rebelde e criativa de uma geração que mudou o comportamento da humanidade. Entre tantas convergências pessoais, tínhamos laços que existiam muito antes de nos conhecermos: ele era filho do líder político Praxedes Pitanga, o velho guerreiro de Itaporanga, que havia sido contemporâneo do meu pai na Câmara dos Deputados. Descendíamos da mesma linhagem, percorremos os mesmos caminhos e formamos o nosso caráter na integridade e nos exemplos dos nossos pais. Ontem pela manhã, ao ser informado da morte do engenheiro Frederico Augusto Guedes Pereira Pitanga, o Fred Pitanga , como o chamavam todos os seus incontáveis amigos, fiquei muito abalado e levei algum tempo para me recompor. Afinal, mais do que uma amizade de 40 anos, havia perdido um ponto de referência importante na trajetória da minha vida; um cara íntegro, honesto, de bons sentimentos, leal e solidário, que me incentivou muito quando iniciei a minha trajetória na Imprensa da Paraíba e que me levou para dentro de sua casa, para o seio de sua família, dividindo comigo o seu afeto para com os seus irmãos Marcelo e Alzira e com a sua mãe, Dona Regina, que me tratava como a um filho.Difícil não é viver. Duro não é morrer. O que dói, o que machuca, o que nos dilacera o coração é assistir, impotente, à partida definitiva daqueles que amamos, que enriquecem as nossas vidas; que preenchem o nosso espírito de paz e fraternidade; e que nos dão fortes razões para continuar vivendo, com alegria e entusiasmo.Obrigado por tudo valente companheiro. Siga em paz, meu doce e querido Pitanga.
Meu doce amigo
19 Dez 2019- 75